sexta-feira, 19 de junho de 2009



Este monumento, do professor Lagoa Henriques, inaugurado a 27 de Agosto de 1960, no Largo António Cálem, conhecido pelo povo como o “monumento aos Tripeiros” consagra os marítimos, carpinteiros navais, calafates e outros obreiros portuenses que construíram, proveram e tripularam a frota que comandada pelo Infante D. Henrique, partiu do Porto, em 1415, para a conquista de Ceuta. Mas o tempo corrói a memória e hoje este monumento poderá ter outro simbolismo como demonstram as fotografias que enviamos. É a decadência dos Tripeiros, com a corda ao pescoço do carpinteiro empunhando a enxó e os sacos de lixo que se alojam junto ao muro posterior ao monumento. Que melhor quadro para traduzir o momento actual dos Tripeiros e da sua cidade, uma cidade velha nos rostos e nas paredes, sem alma, sem reacção, que já não luta, que não sai do seu marasmo, que perde população dia a dia, que fecha portas continuadamente, que não se galvaniza, que não se apodera de ideias novas, que não se lança para o futuro, que vê muitos dos seus filhos crescerem sob o manto da marginalidade, que não motiva a sua população para a cultura. È a degola dos Tripeiros.
José Carvalho Ventura